Biometria e Inteligência Artificial: os novos pilares da segurança nos condomínios
Por Selma Migliori, presidente da ABESE - Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança
O setor de segurança eletrônica atravessa uma revolução altamente eficiente. Em 2024, o mercado brasileiro movimentou R$ 14 bilhões, impulsionado especialmente pelo avanço de soluções baseadas em biometria e inteligência artificial (IA). Só o uso de IA cresceu 10 pontos percentuais em um ano, passando de 54% para 64,3% nos produtos e serviços de segurança, segundo o Panorama ABESE - Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança 2024/2025.
Essa transformação é visível nos condomínios residenciais e comerciais, que buscam cada vez mais soluções integradas, inteligentes e ágeis. O reconhecimento facial, por exemplo, já substitui as tradicionais chaves e tags em milhares de edifícios, oferecendo não apenas comodidade, mas também um controle de acesso mais seguro e rastreável.
Para quem não deseja cadastrar a face, o local pode manter as alternativas de tags ou senhas. No entanto, é importante lembrar que essas opções apresentam riscos adicionais: a pessoa pode perder a tag, esquecer a senha ou até mesmo ser coagida a fornecê-las. Nesse ponto, a biometria se destaca, pois reduz significativamente essas vulnerabilidades ao identificar de forma única e segura o usuário.
Também é preciso combater a desinformação. Há quem acredite que uma simples foto poderia ser utilizada para enganar o sistema de reconhecimento facial e abrir um portão. A realidade é que os equipamentos atuais contam com sensibilidade técnica e recursos como prova de vida, capazes de diferenciar uma pessoa real de uma imagem impressa ou exibida em tela
A grande virada está na combinação dessas tecnologias com algoritmos de IA, que permitem a identificação de padrões suspeitos, a redução de falsos positivos e a resposta proativa a incidentes. Em outras palavras: os sistemas não apenas reconhecem quem entra, mas aprendem com o comportamento dos usuários e alertam em caso de movimentações fora do padrão.
Imagine um condomínio onde a entrada de um visitante autorizado ocorre sem intervenção humana, mas ainda assim com total controle: o morador envia uma autorização via aplicativo, o visitante é identificado pela câmera com tecnologia biométrica e a IA analisa, em tempo real, se aquele comportamento é usual, como o horário da visita, o trajeto até o elevador, a permanência nas áreas comuns. Qualquer desvio pode gerar um alerta automático. Isso não é futuro. É o presente da segurança inteligente.
Essas inovações também têm impulsionado o crescimento da portaria remota, uma das áreas que mais evoluem no Brasil. Mais de 14 mil condomínios já operam nesse modelo, que pode reduzir custos operacionais em até 60% e melhorar o nível de segurança. A integração com biometria com prova de vida, autenticação por QR Code, sensores de presença e softwares com IA está tornando esse modelo ainda mais eficiente e confiável. Além disso, a portaria remota eleva o nível de controle, pois tudo fica registrado e documentado, possibilitando análises e auditorias.
A adoção desse tipo de solução deve sempre ser decidida em assembleia, respeitando a vontade da coletividade e a soberania dos condomínios, motivos pelos quais qualquer iniciativa para a proibição da implementação de tecnologias para viabilizar os serviços de portaria remota, a ABESE irá agir por ser inconstitucional, ferindo a livre iniciativa e a livre concorrência.
Por outro lado, mesmo com toda a tecnologia disponível, é essencial educar os usuários para adotarem boas práticas de segurança. Nem o sistema mais avançado do mundo impedirá que alguém segure o portão para dar “carona” a uma pessoa não autorizada. A conscientização dos moradores e funcionários é parte indispensável da eficácia das soluções implantadas.
No entanto, como toda inovação tecnológica, a biometria traz consigo responsabilidades. Por se tratar de um dado sensível, uma característica única e imutável da pessoa, seu uso exige consentimento explícito, armazenamento seguro e total conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
A ABESE reforça que a conformidade legal deve estar presente desde o projeto da solução, com base legal, minimização de dados, rastreabilidade e possibilidade de revogação do consentimento. A biometria, quando bem aplicada, não é apenas um meio de identificação. É um símbolo de confiança.